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Dona Tomoko: o encontro perfeito entre o boteco e o izakaya

João Renato

14/08/2018 10h31

A decoração de inspiração japonesa não deixa dúvidas sobre a origem das receitas

Os izakayas são bares japoneses típicos, frequentados no país do sol nascente após o fim do expediente e que servem, além de cervejas e sakê, uma comida mais substanciosa, principalmente frituras. Já o boteco de Belo Horizonte, por sua vez, dispensa muitas apresentações e costuma ser o melhor lugar para apreciar a famosa culinária de Minas Gerais. Quando essas duas tradições – ao mesmo tempo tão próximas e tão distantes – se encontram, o resultado é um bar com uma mistura gastronômica surpreendente, que atende pelo nome de Dona Tomoko.

À primeira vista, a casa recém-inaugurada parece mesmo saída de alguma viela de Tóquio. Pequena, conta com alguns lugares no balcão, poucas mesas na calçada e uma decoração de inspiração japonesa, inclusive com a lanterna vermelha típica dos izakayas de lá na entrada. A influência mineira aparece nos detalhes, principalmente no uso da estufa para guardar os petiscos e tira-gostos.

É de lá que saem os pedidos criados pelo chef Maki Sangawa, 44, que largou a vida em uma agência de publicidade para se dedicar ao projeto. As receitas são inspiradas na comida que a mãe dele – a dona Tomoko que dá nome ao bar – fazia quando ele era criança. "São coisas que comia na minha infância, e que ainda gosto de comer. Mas eu também adoro comida mineira, minha madrinha sempre fez frango com quiabo. Acabei juntando essas duas influências", explica Sangawa. Se tratando de um bar com pegada japonesa, a ausência óbvia do cardápio é o peixe cru. Como a proposta da cozinha é resgatar as receitas da infância do chef, o salmão e o atum ficaram de fora. "Só fui comer sushi depois de adulto. Eu gosto, mas não é muito a cara de um boteco", conta Sangawa.

O korokke é um croquete japonês de batata com carne moída e queijo canastra

O cardápio é enxuto. São sete opções de tira-gostos, todas a R$ 15 e servidas em porções individuais. O nível de acerto surpreende, principalmente quando é levado em conta o pouco tempo de existência da casa, que abriu suas portas no dia 30 de julho. Um dos petiscos mais significativos da conexão Minas-Japão é o korokke, espécie de croquete japonês à base de batata e que leva também carne moída e queijo canastra. É crocante por fora e macio por dentro. Outra pedida interessante é a panceta, uma barriga de porco assada à moda bem mineira. O toque oriental fica por conta por molho teriyaki, levemente adocicado. O resultado na boca é instigante e bem saboroso.

O tonkatsu, lombo empanado, faz boa dobradinha com o karaage, frango frito à moda japonesa

Já o tonkatsu consiste em um excelente lombo de porco empanado, enquanto o karaage é um frango frito no estilo japonês, com uma técnica similar à usada nos tempurás. Completam as opções uma linguiça de porco acompanhada de missô, o onigiri, um bolinho de arroz com alga e uma porção de cinco coxinhas de frango com molho especial. Como as porções não são imensas, não fica feio pedir quatro ou cinco opções para passear pelo cardápio e experimentar de tudo. Inclusive porque como os tira-gostos são preparados com antecedência e repousam na estufa, o tempo de espera entre o pedido e a chegada do prato à mesa é pequeno.

Excelentes tsukemonos – a conserva típica oriental – a base de legumes como rabanete e nabo fazem a escolta de todos pedidos, que também são acompanhados de repolho, gengibre e broto de bambu. Para beber, a cerveja Heineken de 600 ml sai a R$ 10. O cardápio também oferece doses de sakê (R$ 15) e de cachaça (R$ 7).

De fora, o Dona Tomoko parece saído de uma viela de Tóquio

Como a abertura ainda é muito recente, os dias de funcionamento por enquanto são limitados de quarta a sábado. Passado esse momento de "soft opening", o chef pretende ampliar as opções e incluir algumas refeições. Os testes, na verdade, já começaram, e alguns felizardos puderam experimentar o karê da casa, um curry japonês picante com vegetais e cogumelos, acompanhado de arroz.

Vai lá
Dona Tomoko
Rua Grão Mogol, 712, Carmo
(31) 2510-8604
Funcionamento: quarta a sábado, 17h às 23h

Sobre o autor

João Renato Faria é jornalista de Belo Horizonte, atualmente no jornal O Tempo, e com passagens por Portal Uai, Estado de Minas e revista Veja BH. Gosta de descobrir novidades gastronômicas pela cidade, de música pesada, de rock instrumental e novidades da cena independente. Tem a compulsão de comprar livros mais rápido do que consegue lê-los. Já pensou em se mudar de BH, mas por enquanto a cidade é o único lugar com um feijão-tropeiro decente.

Sobre o blog

A música e a gastronomia de Belo Horizonte são o foco do blog. Os posts abordam tendências sonoras, eventos, atividades de casas de shows e a movimentação da cena independente. Os textos também falam sobre as boas opções de comidas de rua, bares e lanchonetes, veteranas ou recém-inauguradas na cidade.

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