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Blog do João Renato

Dez coisas que todo mundo estranha quando visita BH pela primeira vez

João Renato

11/09/2018 13h48

Acolhedora, mas pode causar estranhamento (Breno Pataro/PBH)

É verdade que Belo Horizonte não tem as praias que o Rio de Janeiro e o Nordeste tem, nem o tamanho descomunal de São Paulo. Mas é inegável que a capital mineira tem seu charme, e a combinação entre cultura, gastronomia, vida noturna e belas paisagens são motivos mais do que suficientes para quem quer conhecer a cidade. Mas algumas características bem próprias podem chamar a atenção de quem a visita pela primeira vez.

Todo mundo vai ao bar
Mesmo. Sério. O belo-horizontino leva a sério o ditado "quem não tem mar vai ao bar" e frequenta ativamente os mais de 10 mil estabelecimentos do tipo. Segundo uma pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel), a cidade tem, em média, três bares por quarteirão. Portanto, todo encontro para por o papo em dia costuma ser marcado em um bar e não é por acaso que nasceu aqui o concurso Comida di Buteco, que elege o melhor petisco criado pelos bares da cidade.

Americano é quem torce para o América: esse aqui é o copo lagoinha

Prazer, copo lagoinha
Uma vez que você já está no bar, vai ver alguém pedindo um copo lagoinha. Não, não tem nada a ver com um lago pequeno. É esse o nome que o recipiente conhecido como copo americano no resto do Brasil tem em Belo Horizonte. A explicação é simples: quando o copo surgiu, a Lagoinha era o bairro boêmio da cidade, e a relação entre os dois acabou batizando o utensílio.

A comida é realmente fantástica
O melhor pão de queijo que você vai provar na sua vida. Um doce de leite capaz de emocionar até o mais antissocial dos turistas. Feijão-tropeiro que vale por uma refeição. Queijos artesanais incríveis. Todos os tira-gostos dos bares. Frango ao molho pardo com gostinho de fazenda. Cachaças cheirosas e cervejas excelentes. Se você quer comer bem, Belo Horizonte é o lugar certo.

Um dia de clássico entre Atlético e Cruzeiro é coisa séria (Foto: Isabel Baldoni/PBH)

A rivalidade do futebol é coisa séria
Não que não exista rivalidade entre Corinthians e Palmeiras ou entre Flamengo e Vasco. Mas os dois principais times, Atlético e Cruzeiro, polarizam as atenções de modo que o clássico entre as duas equipes chega a parar a cidade. Se quiser criar uma amizade instantânea, é só elogiar o time para o qual o seu anfitrião mineiro torce.

Ninguém fala "Belzonte"
Essa expressão é o equivalente belo-horizontino de "Sampa". A gente sabe, o sotaque mineiro engole as letras – por isso ninguém fala Belo Horizonte bem espaçado –, mas não é para tanto. Os locais chamam a cidade de Belorizonte, assim, bem juntinho, ou Beagá.

O Mercado Central é um labirinto sem saída (Foto: Isabel Baldoni/PBH)

O Mercado Central é um labirinto
Um dos principais pontos turísticos da cidade, o Mercado Central pode ser intimidador para quem não está acostumado com a disposição confusa dos seus corredores, que oferecem queijos, cachaças, doces e produtos típicos. Estreitos e muito parecidos, são uma pedida certa para quem não tem muito senso de orientação ficar perdido. A solução é perder a timidez e perguntar onde fica a saída mais próxima para um vendedor. Solícitos, eles sempre indicam o caminho.

A cidade tem cruzamentos demais e trânsito confuso
Belo Horizonte foi planejada para substituir Ouro Preto como capital de Minas Gerais. O traçado do que hoje é a região central da cidade foi inspirado em Washington, capital do EUA, e previa quarteirões quadriculados cortados por grandes avenidas. No início do século retrasado, em que todo mundo andava a pé ou de cavalo, isso não era problema. Mas com a chegada dos carros, ficou óbvio que o número de cruzamentos era excessivo. O resultado é que o trânsito é caótico e quem se aventura a dirigir na cidade pode acabar ficando muito perdido.

Não se engane: isso aqui é uma praça (Foto: Breno Pataro/PBH)

As praças que não são praças
É uma espécie de consequência do tópico anterior. Para dar passagem aos carros, várias praças acabaram sendo obliteradas da existência. Quem chega na praça Diogo de Vasconcelos, mais conhecida como praça da Savassi, vai encontrar o cruzamento das avenidas Getúlio Vargas e Cristóvão Colombo e das ruas Pernambuco e Antônio de Albuquerque. A famosa praça Sete é, na verdade, o cruzamento das avenidas Afonso Pena e Amazonas e das ruas Rio de Janeiro e Carijós. Em ambas, alguns quarteirões fechados diminuem a sensação de estranhamento, mas não chegam a configuram uma praça propriamente dita.

Aprenda a conjugar o verbo arredar
"Trem", "uai" e "sô" já são expressões banalizadas entre quem é de fora. Mas existe um verbo que confunde todo mundo que não é da cidade: arredar. Pode parecer ameaçador, mas quer dizer, simplesmente, mover ou afastar. Então, quando você estiver em um bar, tomando sua cerveja no copo lagoinha, e alguém te pedir para arredar, não fique confuso e só mova de lugar.

A autodepreciação tem níveis altíssimos
O centro da cidade? "Horroroso". Inhotim? "Horrível". As cidades históricas? "Um monte de velharia". A Pampulha? "Feia e fedorenta". A cidade inteira? "Uma roça". O belo-horizontino tem o péssimo hábito de diminuir e autodepreciar a cidade e as atrações turísticas de Minas. Não é que seja verdade, e nem é feito por maldade. O azedume é herança do hábito interiorano da desconfiança e, vá lá, de querer ouvir um elogio. Não dê ouvidos e visite todos esses lugares.

Sobre o autor

João Renato Faria é jornalista de Belo Horizonte, atualmente no jornal O Tempo, e com passagens por Portal Uai, Estado de Minas e revista Veja BH. Gosta de descobrir novidades gastronômicas pela cidade, de música pesada, de rock instrumental e novidades da cena independente. Tem a compulsão de comprar livros mais rápido do que consegue lê-los. Já pensou em se mudar de BH, mas por enquanto a cidade é o único lugar com um feijão-tropeiro decente.

Sobre o blog

A música e a gastronomia de Belo Horizonte são o foco do blog. Os posts abordam tendências sonoras, eventos, atividades de casas de shows e a movimentação da cena independente. Os textos também falam sobre as boas opções de comidas de rua, bares e lanchonetes, veteranas ou recém-inauguradas na cidade.

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