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Blog do João Renato

As melhores comfort food de Belo Horizonte

João Renato

02/07/2019 23h05

Comfort food. Em bom português, são aquelas receitas carregadas de sentimento, nostalgia e, obviamente, conforto. Pense em uma canja de galinha saturada de sabor, ou naquele bolo de fubá da sua avó, que cheira a quarteirões, e estamos nos entendendo. Há até quem traduza como comida afetiva, o que não deixa de ter lá sua razão. A comida que remete ao afeto é mesmo a mais gostosa.

De uns tempos para cá, o termo ganhou destaque dentro e fora do país justamente por ir na contramão de receitas rebuscadas de restaurantes mais requintados. Mas não é só a comida feita em casa, de preferência por quem a gente ama, que leva o nome de "comfort food". Muitas sugestões de casas tradicionais estimulam não só as papilas, mas a memória de quem come ali desde pequeno. Conheça algumas das receitas que despertam o paladar do belo-horizontino:

Broa de fubá com queijo do Comercial Sabiá

Comercial Sabiá: broa de milho com queijo é disputada pelos clientes (foto: divulgação)


Em meio ao burburinho do Mercado Central, o balcão do Comercial Sabiá costuma ser disputado por quem quer uma pausa – ainda que rápida – para um café. Ele fica melhor ainda se acompanhado da disputadíssima broa com queijo. O tabuleiro costuma sair do forno já todo vendido, então é raro encontrar um pedaço na estufa. Não é por acaso: o quitute costuma ter o topo corado, bem moreno, enquanto a camada de queijo minas desmancha com a colher, em uma combinação digna da casa da vovó no interior.

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Avenida Augusto de Lima, 744, Centro – Mercado Central
(31) 3274-9491

Espaguete à bolonhesa do Recanto Verde
Tradicional na região Leste da cidade, o Recanto Verde costuma ficar lotado de famílias no almoço de domingo. Um dos pedidos que mais aparece é justamente o espaguete à bolonhesa. Servido em uma travessa, com opção de três tamanhos, chega à mesa coberto de mussarela ralada, que derrete com o calor da massa. Essa, aliás, é bem cozida – esqueça o al dente –, o que completa o jeitão caseiro, de macarronada, da receita.

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Av. Petrolina, 910, Sagrada Família
(31) 3481-2951

Rochedão especial do Bolão
A combinação é infalível: arroz, feijão, batata frita, ovo frito, o excelente espaguete à bolonhesa da casa e uma carne, que pode ser linguiça, bife de boi, bife de porco, frango grelhado ou lagarto recheado. Graças ao horário de funcionamento da casa, avançando madrugada adentro, essa montanha de comida fez fama principalmente com taxistas, roqueiros, músicos e boêmios de plantão. Ainda dá para trocar o feijão por tropeiro ou tutu, para deixar essa espécie de nave-mãe dos PFs ainda mais mineira.

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Praça Duque de Caxias, 288, Santa Tereza
(31) 3463-0719

Talharim a parisiense da Cantina do Lucas

Cantina do Lucas: o talharim à parisiense é carregado de história (foto: João Renato Faria)


A receita da Cantina do Lucas, restaurante do tradicionalíssimo edifício Maletta, tem história. Era o prato preferido do escritor Murilo Rubião, que fazia uma parada quase diária no local para jantar. Também era pedida de militantes de esquerda que se reuniam no bar durante a ditadura. Na ocasião, como a turma era dura de grana, ele era dividido à palito, ou seja: comido com o uso de palitinhos de dente, como se fosse um tira-gosto. O macarrão é envolto em um molho branco pesado, que também leva frango desfiado, ervilha, presunto e tomate, além de ser gratinado ao forno – e vale por um abraço de um amigo que a gente não vê há muito tempo.

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Av. Augusto de Lima, 233 – loja 18, Centro
(31) 3226-7153

Frango ao molho pardo do Maria das Tranças

Maria das Tranças: sinônimo de frango ao molho pardo no Brasil (foto: divulgação)


O restaurante existe há quase 70 anos e era tido como o favorito do ex-presidente Juscelino Kubitschek, quando ele foi prefeito de Belo Horizonte e governador de Minas. É um dos pouquíssimos locais aptos a usar o sangue como ingrediente no país, o que faz com que o frango ao molho pardo do local seja, em muitos casos, o único que algumas pessoas já experimentaram. Acompanhado de quiabo, angu e arroz, é quase uma síntese da cozinha mineira do passado.

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Rua Professor Moraes, 158, Savassi
Rua Estoril, 938, São Francisco
(31) 3261-4802

Pizza à moda do Pizzarella
A casa é uma das últimas sobreviventes da era de ostentação das pizzarias da cidade, que contavam com salões imensos, cardápios pesados de couro e famílias imensas dividindo as redondas. Quem não se adapta ao delivery ou aos novos estilos de pizzas da cidade costuma encontrar refúgio por lá, com suspiros de uma época que não volta mais. Tradicionalíssima, a pizza à moda da casa leva mussarela, presunto, calabresa, salaminho, pimentão, cebola e azeitona preta.

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Av. Olegário Maciel, 2.280, Santo Agostinho
(31) 3292-3000

Sorvete da São Domingos

São Domingos: sorveteria é a mais antiga de Belo Horizonte (Foto: divulgação)


Bem longe da onda recente de gelaterias, que fazem sorvetes de inspiração italiana, a São Domingos está no mesmo endereço desde 1938. As mais de 200 receitas são herança de família e se revezam entre as opções. Por dia, são oferecidos cerca de 50 sabores. Alguns são clássicos absolutos, como o pistache, o coco queimado e o morango, servidos por bola e em casquinhas, como deve ser.

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Av. Getúlio Vargas, 792, Savassi
(31) 3261-1720

Sobre o autor

João Renato Faria é jornalista de Belo Horizonte, atualmente no jornal O Tempo, e com passagens por Portal Uai, Estado de Minas e revista Veja BH. Gosta de descobrir novidades gastronômicas pela cidade, de música pesada, de rock instrumental e novidades da cena independente. Tem a compulsão de comprar livros mais rápido do que consegue lê-los. Já pensou em se mudar de BH, mas por enquanto a cidade é o único lugar com um feijão-tropeiro decente.

Sobre o blog

A música e a gastronomia de Belo Horizonte são o foco do blog. Os posts abordam tendências sonoras, eventos, atividades de casas de shows e a movimentação da cena independente. Os textos também falam sobre as boas opções de comidas de rua, bares e lanchonetes, veteranas ou recém-inauguradas na cidade.

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