Como explorar BH de bicicleta
João Renato
29/01/2019 11h16
É possível curtir Belo Horizonte em cima de uma bicicleta (Foto: PBH)
Durante muito tempo se pregou por aí que Belo Horizonte não era propícia para andar de bicicleta. Falavam que o relevo montanhoso e irregular, combinado com a quantidade de cruzamentos da região central e a contumaz falta de educação do motorista mineiro no trânsito transformavam um passeio sobre duas rodas em uma missão impossível. Felizmente, isso vem mudando aos poucos. Entre ciclovias, serviços de compartilhamento de bicicletas e iniciativas de grupos de ciclistas, a cidade se encheu de incentivos para quem quer encarar uma volta na boa e velha magrela.
A mais recente é a Yellow, que iniciou suas operações na capital no meio de janeiro. O serviço permite alugar bicicletas (são cerca de 500 disponíveis) e patinetes elétricos, e tem como diferencial a ausência de pontos de devolução. Quem termina de usar a bike pode deixá-la em qualquer lugar dentro de uma área pré-determinada, na região central da cidade. A novidade se soma ao BH Bike, patrocinada pelo banco Itaú, e que conta com 40 estações fixas espalhadas pela cidade, e a grupos como o Bike Anjo, que ajuda ciclistas de primeira viagem a se equilibrar em uma bicicleta pela primeira vez.
Vale lembrar também que alguns cuidados são necessários para quem quer explorar a cidade sobre duas rodas. O uso de equipamentos de proteção, como capacete e luzes de sinalização, caso vá pedalar à noite, é fundamental. Uma atenção redobrada com o trânsito e uma boa dose de paciência também são importantes. Evite trafegar na calçada ou muito perto de carros estacionados: você nunca sabe quando algum desavisado vai abrir uma porta. Lembre-se de se manter hidratado e parar ao menor sinal de um problema de saúde, seja uma fisgada no joelho, seja uma tontura por causa do calor. E claro, não se esqueça do filtro solar.
Com isso, separamos três rotas que oferecem paisagens interessantes, pontos curiosos e oportunidades para pedalar e aproveitar a cidade do lado de fora do vidro dos carros. Confira abaixo:
Iniciante: Pampulha
Roteiro iniciante: o visual da Pampulha é de tirar o fôlego (Foto: PBH/Divulgação)
Comece sua rota pelo Mineirão, onde a esplanada permite algumas voltas de aquecimento antes de encarar a rua. Desça a avenida Abrahão Caram e vire à direita na avenida Coronel Oscar Paschoal para acessar a orla da lagoa da Pampulha e a avenida Otacílio Negrão de Lima. Use a ciclovia e siga até o Iate Tênis Clube, que faz parte do conjunto arquitetônico tombado da região. Avance até a Casa do Baile, uma das obras mais interessantes de Oscar Niemeyer. Aproveite para fazer uma pausa e apreciar o visual da lagoa. Continue até a barragem, onde é preciso tomar um cuidado, já que a ciclovia deixa de existir por cerca de 500 metros e o trânsito é intenso. Continue na Otacílio Negrão de Lima até o Museu de Arte da Pampulha, inicialmente planejado para ser um cassino. Dê um gás e vá até a entrada do jardim zoológico, onde diversos trailers oferecem uma água de coco para se refrescar. Alguns metros à frente está o Parque Ecológico da Pampulha, que oferece uma boa pista para pedaladas no seu interior. Após curtir o parque, retorne à avenida Otacílio Negrão de Lima e vá até a Igreja São Francisco de Assis, a famosa igrejinha da Pampulha. Retorne até o Mineirão para encerrar o passeio e matar a fome em alguma das opções de lanches da esplanada. O caminho é plano, porém longo. Cada ciclista iniciante deve fazer seu recorte do roteiro, incluindo as atrações turísticas de sua preferência.
Intermediário: Centro e Santa Tereza
Roteiro intermediário: a praça Duque de Caxias faz parte da rota (foto: Pedro Antônio Oliveira/PBH)
Comece o giro pela Praça da Liberdade, onde os prédios históricos que abrigavam as secretarias do governo de Minas foram transformadas em centros culturais. Siga pela avenida Brasil e vire à esquerda na avenida Afonso Pena até o Parque Municipal. Dê uma volta no espaço verde mais antigo da cidade, que só foi liberado para o acesso de bicicleta em 2015. Vá até a praça Sete, ponto nevrálgico da cidade, e faça uma pausa no Café Nice, com um mate gelado para recobrar as energias. Use a avenida Amazonas para acessar a praça da Estação, que permite pedaladas mais tranquilas. Volte pela rua da Bahia e siga até o viaduto Santa Tereza, famoso pelos seus arcos (que foram escalados por gente como o poeta Carlos Drummond de Andrade). Mantenha-se na avenida Assis Chateaubriand até o cruzamento com a avenida do Contorno, quando ela vira a rua Raul Mendes. Depois, vire à direita na rua Salinas e siga até a praça Duque de Caxias, referência no Santa Tereza. Avance pela rua Mármore e depois pela rua Dores do Indaiá até o bar do Orlando, o mais antigo da capital. Aproveite a pracinha à frente para um descanso antes de retomar a pedalada. Siga pela rua Alvinópolis e vire à esquerda na rua Salinas, logo em frente ao antigo mercado distrital. Vire na rua Floresta para acessar a avenida do Contorno e termine seu passeio na rua Sapucaí, curtindo o pôr-do-sol em um dos bares da via.
Avançado: Serra do Curral
Prepare o fôlego. Comece na praça Tiradentes e siga pela avenida Afonso Pena até a praça da Bandeira. Pare no Néctar da Serra para tomar um suco e recobrar as energias antes de mais uma subida. Depois, acesse a avenida das Agulhas Negras até a praça do Papa. Do ponto de partida original, é uma elevação de mais de 200 metros de altura. Lá, acesse a rua Professor Lourenco Menicucci Sobrinho e depois pegue a rua Mario Tourinho até o palácio das Mangabeiras. De lá, siga pela rua Engenheiro Bady Salum até o mirante do bairro Mangabeiras e sua vista de tirar o fôlego. Retorne pelo mesmo caminho até a praça da Bandeira e siga pela avenida Bandeirantes. Vire à esquerda na rua Odilon Braga e suba até a escola Guignard, dedicada às artes plásticas. Siga pela rua Santana de Caldas até a rua João Ceschiatti e depois suba a rua Alcides Pereira Lima para acessar dois mirantes menos conhecidos, mas que também oferecem uma bela vista da cidade. Retorne para avenida Bandeirantes e encerre seu passeio na praça JK, com uma água de coco bem gelada.
Sobre o autor
João Renato Faria é jornalista de Belo Horizonte, atualmente no jornal O Tempo, e com passagens por Portal Uai, Estado de Minas e revista Veja BH. Gosta de descobrir novidades gastronômicas pela cidade, de música pesada, de rock instrumental e novidades da cena independente. Tem a compulsão de comprar livros mais rápido do que consegue lê-los. Já pensou em se mudar de BH, mas por enquanto a cidade é o único lugar com um feijão-tropeiro decente.
Sobre o blog
A música e a gastronomia de Belo Horizonte são o foco do blog. Os posts abordam tendências sonoras, eventos, atividades de casas de shows e a movimentação da cena independente. Os textos também falam sobre as boas opções de comidas de rua, bares e lanchonetes, veteranas ou recém-inauguradas na cidade.