Pizza de Belo Horizonte passa por renascimento
João Renato
21/05/2019 22h06
Sabe aquele orgulho que o paulistano tem da sua pizza, com números superlativos (dizem que São Paulo consome 1 milhão de redondas por dia) e casas especializadas capazes de bater de frente com as melhores de Nova York e Nápoles? Pois é, o belo-horizontino nunca teve parecido. Primeiro, porque havia outras comidas na fila para ele se orgulhar (pão de queijo, feijão-tropeiro, frango ao molho pardo… vocês sabem a lista). Segundo, porque, apesar de iniciativas interessantes aqui e ali, a pizza de Belo Horizonte nunca foi exatamente um primor.
Mas isso tem mudado. Aquelas pizzas borrachudas, repletas de queijo, "boas" para se comer com ketchup, saíram de cena. Diversos pizzaiolos têm experimentado com a massa. Alguns puxam para o tradicional, napolitano. Outros têm buscado inspiração nos Estados Unidos. Já os recheios podem ganhar ingredientes tipicamente mineiros, ou até apostar na máxima de que "menos é mais". Por isso, não é absurdo dizer que a redonda da capital passa por uma espécie de renascimento. Confira na lista abaixo algumas das casas responsáveis por esse novo momento
Giaco Pizzaria
Giaco Pizza: borda alta, no estilo de Chicago (Foto: divulgação)
Em Chicago, a pizza não é como nós conhecemos. O que eles chamam de pizza por lá é uma torta funda, de borda alta e lotada de recheio, que só tem como ser devorada com garfo e faca. O estilo diferente, chamado de deep dish pizza, causa discussões nos Estados Unidos e levou até a uma rivalidade das casas de Chicago com os pizzaiolos nova-iorquinos, que defendem que a pizza tem que ter massa fina. Polêmicas à parte, a Giaco Pizzaria contou com a consultoria do chef Kiki Ferrari, para criar receitas de inspiração norte-americana, como a prima donna, que leva linguiça especial, muçarela, azeitona preta, cebola, manjericão e molho de tomate em pedaços. Outra pedida interessante é a barbecue king, recheada com linguiça especial, muçarela, cubos de peito de frango, molho italiano barbecue, cream cheese, pepperoni e cogumelos. De sobremesa, a extravagância doce chamada mallow leva ganache de chocolate, calda de caramelo, marshmallow e castanha.
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Rua Major Lopes, 47, São Pedro
(31) 3582-3010
Pitza 1780
Inspiração mineira: Pitza 1780 tem ingredientes como pesto de baru (Foto: divulgação)
As redondas são assinadas pelo chef Eduardo Maya, criador do projeto Aproxima e do festival Comida di Buteco. Individuais, elas servidas sem garfo e faca, para serem devoradas com as mãos. O cardápio é enxuto, com apenas cinco opções, e os ingredientes que vão no recheio são todos frescos e de produtores locais. Por isso, e a receitas têm um pé na gastronomia mineira, como a que leva pesto de baru, uma castanha típica do cerrado do estado, com um gosto que lembra amendoim. Outra com boa saída é a que leva verduras frescas, como abobrinha, tomate cereja e cebola roxa. Os carnívoros podem ficar felizes com a calabresa, que leva uma versão artesanal da clássica linguiça.
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Rua Antônio de Albuquerque, 749, Savassi
(31) 3223-6611
Rua Juvenal de Melo Senra, 381, Belvedere
(31) 3658-2825
Koctus' Pizza
Como em Nápoles: Koctus' Pizza preza pela tradição (Foto: divulgação)
A casa é comandada pelo baixista do Pato Fu, Ricardo Koctus. É ele quem prepara a massa, que usa farinha italiana e matura por, no mínimo, 24 horas O descanso, fundamental para deixar a redonda mais leve, é um dos "mandamentos" da tradição napolitana, que Koctus segue à risca. Outra regra do país da bota é assar a pizza em forno à lenha, onde ela fica apenas 90 segundos, tempo suficiente para deixar a borda alta e crocante. Como a proposta é ser o mais similar possível ao produto italiano, vale apostar nas receitas tradicionais de Nápoles: a marguerita, que leva muçarela de búfala e manjericão, e a marinara, que conta com muçarela, alho fresco, orégano e manjericão.
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Rua Marília de Dirceu, 159, Lourdes
La Vera
Contemporânea: La Vera não oferece talheres para suas pizzas (Foto: divulgação)
O chef italiano Leonardo Fontanelli costuma buscar no seu país de origem boa parte dos ingredientes que usa nas pizzas. Da farinha, produzida em moinho de pedra, aos frios como salame, presunto e mortadela com pistache usados nos recheios, vêm da Europa. Concessão à modernidade, o forno elétrico também veio de lá. O que ele não buscou na Itália foram os talheres: a recomendação é para usar as mãos, ou no máximo um suporte de papelão. A batizada de bolgheri leva muçarela de búfala, salame italiano, berinjela grelhada, creme de ricota e redução de rúcula. Já a toscana é composta de muçarela de búfala, linguiça toscana artesanal, cogumelos champignon frescos e azeitonas.
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Rua Pium-Í, 784, Cruzeiro
Telefone: (31) 2515-0264
Sobre o autor
João Renato Faria é jornalista de Belo Horizonte, atualmente no jornal O Tempo, e com passagens por Portal Uai, Estado de Minas e revista Veja BH. Gosta de descobrir novidades gastronômicas pela cidade, de música pesada, de rock instrumental e novidades da cena independente. Tem a compulsão de comprar livros mais rápido do que consegue lê-los. Já pensou em se mudar de BH, mas por enquanto a cidade é o único lugar com um feijão-tropeiro decente.
Sobre o blog
A música e a gastronomia de Belo Horizonte são o foco do blog. Os posts abordam tendências sonoras, eventos, atividades de casas de shows e a movimentação da cena independente. Os textos também falam sobre as boas opções de comidas de rua, bares e lanchonetes, veteranas ou recém-inauguradas na cidade.