Doce D’ocê: A coxinha de catupiry está de volta
Que a coxinha de catupiry foi inventada em Belo Horizonte, isso todo mundo sabe – ou deveria saber. O que ainda é novidade para muita gente é que a lanchonete que criou o salgado está de volta. Após passar 20 anos fechada, a Doce D'ocê reabriu as portas no fim do ano passado, resgatando o cardápio clássico que fez fama na cidade. A nova loja fica no Vila da Serra, próxima ao hospital Biocor. A decoração, com corações e toalhas de mesa xadrez, ajuda a resgatar o clima da antiga lanchonete, que chegou a ter quatro unidades – três em BH e uma em Ouro Preto.
O retorno não é só no nome. Para ajudá-los na empreitada, o casal proprietário Adriana Lima e André Wolff convocou, para ser sócia, a antiga dona e criadora de todas as delícias, Thereza Christina Oliveira, que ensinou as receitas tradicionais à nova equipe e, de tempos em tempos, vai pessoalmente à loja para conferir se está tudo dentro do padrão.
Foi dona Thereza, como é conhecida, que elaborou, ainda nos anos 1970, logo que inaugurou a lanchonete, a coxinha de frango com catupiry. A receita surgiu a partir de um pedido do irmão de dona Thereza, o embaixador Pedro Motta Pinto Coelho, que na época era estudante e visitava a lanchonete. Envergonhado por ter que pedir três ou quatro quitutes de uma vez só, foi ele que deu a ideia: "por que você não cria um salgado que valha por um almoço?". Ela decidiu investir em uma coxinha, mas ficou preocupada com o recheio de frango, que poderia ficar muito seco. Em uma mercearia próxima da primeira unidade da Doce D'ocê, na avenida Afonso Pena, encontrou duas latas de requeijão Catupiry, o original. A combinação deu certo, a receita ganhou o país e, a certa altura, a Doce D'ocê chegou a ser a maior compradora de catupiry do país. A criação gerou até uma versão com camarão VG, que também está no cardápio da casa nova (R$ 18,60).
Mas é mesmo o reencontro com a coxinha de frango com catupiry (R$ 10,50), duas décadas depois, que tem feito os nostálgicos de plantão suspirarem a cada mordida. Preparada todo dia para evitar ser congelada, ela é frita uma a uma, o que garante que a massa, fininha e saborosa, vai estar sempre crocante. A porção de catupiry é generosa. A preparação original toma o cuidado de espalhar delicadamente o requeijão por toda a massa, em vez de apenas enfiar uns nacos, como normalmente é feito. Com isso, cada parte do quitute tem certa a presença do queijo cremoso. O recheio de frango, desfiado a mão, tem o tempero na medida, caseiro, e sem corantes para deixá-lo laranja. Um refrigerante gelado servido em copo de vidro – um requinte que a casa sempre teve – faz a companhia perfeita para o lanche.
Para um paladar maltratado com as coxinhas de péssima qualidade que proliferam nas cantinas e lanchonetes, a experiência é sublime prova que o lamento de saudade pelo salgado, que motivou até crônicas do escritor Humberto Werneck, teve lá sua razão.
De sobremesa, vale a pena investir em um pedaço de torta, como a de brigadeiro (R$ 12,50) ou de nozes (R$ 14), que também ativam imediatamente a memória gustativa. Também vai bem um bombom de morango (R$ 5,50), em que a fruta é coberta por uma delicada, e deliciosa, camada de chocolate.
Em tempo: quem não tem disponibilidade de ir até Nova Lima pode pedir pelo telefone. O delivery entrega em toda cidade.
Vai lá
Doce D'ocê
Orozimbo Nonato, 215, loja 4 – Shopping Portal – Nova Lima
(31) 3262-2132
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