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Blog do João Renato

Um bar centenário e outros quatro veteranos em BH

João Renato

19/03/2019 13h55

Por fora, o jeitão do Bar do Orlando é de cidadezinha do interior (Foto:divulgação)

Um estabelecimento com mais de 100 anos pode não parecer algo tão importante assim para cidades como o Rio de Janeiro, do alto dos seus 454 anos, ou São Paulo, que ostenta 465 anos. Mas para Belo Horizonte, que tem pouco mais de 120 anos, é um feito e tanto. O responsável pela marca é o Bar do Orlando, que foi fundado, na mesma venda de esquina do bairro Santa Tereza, em 1919.

Quando foi criado, além de vender cervejas e tira-gostos, o bar também vendia artigos de pesca, como anzóis e varas. É que era possível pescar no rio Arrudas, que passa a poucos metros do local – por mais inacreditável que isso possa parecer hoje. Por isso, acabou batizado como Bar do Pescadores. O atual proprietário, Orlando Silva, o seu Orlando, comprou o bar em 1980. Hoje, o acanhado salão ainda mantém ares de mercearia, com as prateleiras cheias de produtos como enlatados e sabão em pó.

Seu Orlando comanda o bar centenário desde 1980 (foto:Divulgação)

Não é difícil entender o sucesso centenário do Bar do Orlando. O jeitão é de cidadezinha do interior. Contribui para isso uma simpática pracinha, que recebe alguns dos frequentadores. Outros se acumulam no balcão, onde dá para bater um dedo de prosa com seu Orlando, ou em mesas na calçada mesmo. O atendimento é sempre ágil e, além da cerveja sempre gelada, os tira-gostos são puros clássicos de botequim, como torresmo, linguiça, pastel de angu e espetinhos.

Para celebrar o seu ano cem, o bar tem feito eventos e festas, sempre na rua. O ápice será em dezembro, quando é, de fato, o aniversário do boteco, e contará provavelmente com um festival de música. Felizmente, não é preciso esperar até lá, já que o bar abre todos os dias, inclusive às segundas-feiras.

Vai lá
Rua Alvinópolis, 460, Santa Tereza
(31) 3481-2752

Além do Bar do Orlando, a capital também conta com outros veteranos que valem a pena a visita. Confira:

Tip Top (1929)
Foi fundado pela imigrante tcheca Paula Huven e seu marido, o romeno Adolfo Huven. É o segundo bar mais antigo em funcionamento na cidade, e mantém, desde sua criação, um cardápio com especialidades de inspiração germânica, como salada de batatas, salsichão e kassler (carne de porco salgada e defumada) e joelho de porco. Para quem quer completar o clima de viagem no tempo, o salão também conta com dezenas de fotos antigas das primeiras décadas de BH.

Vai lá
Rua Rio de Janeiro, 1770, Lourdes
(31) 3275-1880

Café Bahia (1937)

O bolinho de carne do Café Bahia é disputado pelos clientes (Foto:divulgação)

Foi criado na rua da Bahia, que era um tradicional ponto boêmio da capital mineira na primeira metade século passado. Só mais tarde foi transferido para a rua Tupis, onde funciona até hoje, mas manteve o nome. Além de petiscos criados para o concurso Comida di Buteco, como o cupim com ora-pro-nóbis no molho de cerveja preta, também fazem sucesso os salgados da cozinha. O disputadíssimo bolinho de carne, por exemplo, não costuma nem chegar à estufa: a bandeja é toda consumida em instantes.

Vai lá
Rua dos Tupis, 369, Centro
(31) 3224-5574

Café Palhares (1938)

O Café Palhares é famoso pelo kaol, que leva arroz, ovo, couve, torresmo, linguiça e farofa (Foto: Divulgação)


Está no mesmo endereço desde 1938. O balcão em U de apenas 18 lugares já recebeu gente como o ex-presidente Juscelino Kubistchek e o compositor Rômulo Paes, que batizou o principal prato da casa, o kaol. A combinação hoje leva arroz, ovo, molho, torresmo, couve, farofa de feijão e uma carne, tradicionalmente uma linguiça feita na própria casa.

Vai lá
Rua dos Tupinambás, 638 – Centro.
(31) 3201-1841

Bar do Júlio (1958)
O boteco de esquina no charmoso bairro Prado é ligeiramente mais novo do que os colegas desta lista – foi fundado em 1958. Hoje, quem toca o negócio é Antônio José Caria, filho do português Júlio Caria, que criou o bar. Da cozinha, saem petiscos de clara inspiração lusitana, como o bolinho de bacalhau e a almôndega ao molho. Outra campeã de pedidos é a carne cozida com batatas.

Vai lá
Rua Turfa, 515, Prado
(31) 3332-6446

Sobre o autor

João Renato Faria é jornalista de Belo Horizonte, atualmente no jornal O Tempo, e com passagens por Portal Uai, Estado de Minas e revista Veja BH. Gosta de descobrir novidades gastronômicas pela cidade, de música pesada, de rock instrumental e novidades da cena independente. Tem a compulsão de comprar livros mais rápido do que consegue lê-los. Já pensou em se mudar de BH, mas por enquanto a cidade é o único lugar com um feijão-tropeiro decente.

Sobre o blog

A música e a gastronomia de Belo Horizonte são o foco do blog. Os posts abordam tendências sonoras, eventos, atividades de casas de shows e a movimentação da cena independente. Os textos também falam sobre as boas opções de comidas de rua, bares e lanchonetes, veteranas ou recém-inauguradas na cidade.

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