Queijo mineiro passa por revolução
Estávamos preparando a primeira edição da "Veja BH", suplemento local da revista "Veja" que circulou entre 2012 e 2015. De repente, empacamos em um termo. Afinal, o certo era "queijo minas", como parecia natural para a maioria dos repórteres, ou "queijo de minas", opção que soava mais agradável à trupe que veio de São Paulo para implantar a irmã da "Vejinha" por aqui? A solução foi ligar para a Academia Brasileira de Letras atrás de um especialista no léxico, que disse, sem ajudar muito, que qualquer uma das duas expressões estava correta.
É engraçado lembrar dessa história, por que hoje ela não faria o menor sentido. Assim como Guimarães Rosa disse que "Minas, são muitas", nós poderíamos dizer que em Minas, os queijos são muitos. Deixe de lado aquele lácteo branco, meio molenga, sem gosto e sem graça, do tipo frescal, que se encontra na gôndola do supermercado e se convencionou se chamar de queijo minas (ou queijo de minas). Hoje, os produtores artesanais do Estado encaram uma diversificação imensa de estilos e técnicas, o que resulta em queijos surpreendentes e premiados. Alguns usam fungos na maturação, como o Senzala, de Araxá, que conquistou medalhas ouro e super ouro no disputado e prestigiado Mondial du Fromage, em 2017, na França. Outros investem em cavas subterrâneas e curas específicas.
Atualmente, Estado tem sete regiões produtoras com reconhecimento de origem, com características sensoriais completamente diferentes: Araxá, Campo das Vertentes, Cerrado, Serra da Canastra, Serra do Salitre, Serro e Triângulo Mineiro. Outras tantas, como a Serra da Mantiqueira e o Vale do Jequitinhonha estão na fila para serem reconhecidas. Em comum, os produtos artesanais têm apenas o uso do leite cru – que não passou por processo de pasteurização – e do pingo, soro que escorre da produção do dia anterior e funciona como o "dna" de cada queijo, transmitindo as características que vão deixar cada produto único.
Para os curiosos, um dos melhores jeitos de entrar no mundo atual dos queijos mineiros é por meio de uma degustação, como as organizadas pelo jornalista Eduardo Girão. Responsável pela cobertura de gastronomia do jornal "Estado de Minas" por anos, ele deixou o posto no fim de 2016 para se dedicar às apresentações de queijos que encontra pelo interior de Minas. Além de introduzir os produtos, ele também cria harmonizações com bebidas, como café, cerveja, cachaça e vinho ou ingredientes, como azeites. A próxima, no dia 6 de abril, será na Casa Bonomi, com harmonização de queijos mineiros com pães. "Vamos alinhar, por exemplo, queijos com notas amendoadas com pães feitos com avelã, pensando nas características comuns", explica.
Apesar de os queijos especiais já frequentarem as prateleiras de redes de supermercados como Verdemar e Supernosso, quem prefere um atendimento personalizado, com dicas de especialistas, pode ir até o Roça Capital. A loja, que fica no turístico Mercado Central, reúne dezenas de opções interessantes, como o queijo da região de Alagoa, no Sul de Minas, que é comparável aos parmigiano reggiano italianos. Uma segunda unidade, no bairro Mangabeiras, oferece receitas como o pão de queijo frito, que consiste em delicadas bolinhas feitas com queijo da Serra da Canastra, acompanhadas de um molho barbecue à base de goiabada. Outro destino certo para os fãs do queijo é a Néctar do Cerrado, no Mercado Distrital do Cruzeiro. A loja é comandada por Cássio Avelino, que viaja periodicamente para o interior atrás de novidades dos produtores artesanais.
Vai lá
Degustações
Os cursos de Eduardo Girão ocorrem sem periodicidade certa. Para acompanhar a agenda, o melhor canal é o Instagram: https://www.instagram.com/eduardotristaogirao/
Roça Capital
Av. Augusto de Lima, 744, Mercado Central – loja 268, Centro
3789-8669
Avenida Bandeirantes, 1725, loja 2, Mangabeiras
3564-0036
Néctar do Cerrado
R. Ouro Fino, 452, Cruzeiro
98706-5074
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