Psicodelia dos hippies e espírito paz e amor inspiram cena musical mineira
Em agosto de 1969, o mundo observava, atônito, cerca de 400 mil pessoas tomarem uma fazenda no interior do Estado de Nova York para assistir, por três dias, a shows dos principais artistas da época, como e celebrar o ideal hippie de paz e amor.
Passados exatos 50 anos do festival de Woodstock, o evento ainda reverbera e inspira gente pelo mundo todo. Tanto que o espírito daquela época segue firme e forte em Minas Gerais, onde tem ganhado força uma cena de bandas que apostam em um som psicodélico, com claras inspirações do rock que fez a cabeça dos hippies dos ano 60. Confira:
Psicotrópicos
O sexteto de Belo Horizonte tem Os Mutantes como uma das inspirações confessas. Talvez seja por isso que o grupo, seguindo o exemplo do trio de Rita Lee e dos irmãos Dias, curta passear por diversos estilos musicais, sem se prender a nenhum deles. Em "Onda Trópica", primeiro álbum do grupo, tem espaço para rock progressivo, blues, soul, afrobeat e até ritmos latinos. Em "Fogueira", por exemplo, a pegada é de rock'n'roll setentista com maracatu, enquanto "Princesinha" tem samba e reggae em uma letra que questiona o racismo no país.
Quem quiser conferir de perto essa mistura sonora, inclusive, terá uma chance neste sábado, 24, já que a banda lança o disco com show n'A Autêntica (Rua Alagoas, 1.172, Savassi), a partir das 22h, com ingressos a R$ 20.
Pássaro Vivo
Se Woodstock tivesse acontecido no interior de Minas Gerais, é bem possível que o som do Pássaro Vivo já estivesse entre nós a mais tempo. Formada em Patos de Minas, o sexteto lançou recentemente o disco "Sobre Asas e Raízes", um trabalho surpreendentemente sólido e maduro – ainda mais quando se leva em conta que a banda só consolidou sua formação em 2017. O grupo conta com Lucas de Paula (violão, viola e vocal), Alan Girardeli (baixo e percussão), Ciro Nunes (bateria, flauta e vocal), Maria Zanuncio (voz e percussão), Alexandre Rosa (guitarra, violão e voz) e Marcello Soares (voz e percussão), e bebe direto na fonte das bandas brasileiras dos anos 70, como Secos e Molhados e Novos Baianos, mas sem deixar de dar um toque contemporâneo e uma pitada de regionalismo. "Primavera", por exemplo, tem uma viola típica do sertão mineiro, enquanto "Beija Flor" não faria feio na discografia solo de um beatle.
Dom Pepo
O rock'n'roll psicodélico é a base sonora sobre a qual a banda desenvolve seu trabalho. Formado em 2013, o sexteto que conta com João Vitor (vocal), Max (violão), Deco (guitarra), Chico Bueno (baixo), Marcelo (bateria) e Gabruga (teclado) tem se reinventado desde o lançamento do EP "Mu", de 2015. A prova disso é a faixa "1 de 3", que ganhou clipe recentemente e mostra uma levada de funk americano setentista e ska. A faixa é uma prévia do primeiro disco completo do grupo, batizado de "Escuridão já é luz suficiente", que, inclusive, está com campanha de financiamento para ser lançado. Clique aqui para conferir.
A Outra Banda da Lua
Criada em Montes Claros, espécie de capital do Norte de Minas, a banda se orgulha do som regional, como as festas de folia de reis, que entram na mistura que o próprio quinteto batizou de rock rural afro psicodélico. A voz aveludada e sedosa de Marina Sena – que também vem fazendo bonito à frente do projeto Rosa Neon – é o diferencial do grupo, que também conta com Edson Lima (guitarra), Mateus Sizílio (bateria), Matheus Bragança (baixo) e André Oliva (guitarra e percussão). Apesar de ainda estar devendo um álbum completo, já dá para entender a pegada da banda com o registro gravado ao vivo no impressionante estúdio Sonastério, em Nova Lima. "Carrim de Picolé", por exemplo, soma a fase Rita Lee dos Mutantes com um rock progressivo mais contemporâneo e regionalismos, enquanto "Na Roça" faz tributo ao estilo de vida típico do interior mineiro, com seus pomares e cachoeiras.
Ménage
Bem ao espírito dos hippies, a banda abraça o deboísmo, espécie de filosofia que surgiu na internet e que se resume a "ficar de boa". Conta com dois discos lançados: "Gram de La Musique", de 2015, e "Terra", de 2017. Nos dois trabalhos, fica evidente a mistura sonora de jazz, rock, dub, ritmos latinos e afrobrasileiros. A faixa "Iemanjá" é um belo cartão de visitas do grupo: palmas, corais, uma levada suingada de rock, e uma letra que remete à religiões de matrizes africanas.
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